A alegoria das eleições de 2010 estão vindo com tanta força, que nem mais a rede de blogs está dando conta de cobrir os fatos em tempo real, hoje eu mesmo falaria da inclusão da Venezuela no Mercosul, mas não deu tempo, 2010 pediu pra que eu falasse do mais novo e importante fato da eleição do ano que vem.
Abre alas, que 2010 vai passar...
O Governador de Minas Gerais, Aécio Neves do PSDB, travava até algumas horas atrás, uma disputa dentro do partido, para conseguir que tivesse seu nome lançado como candidato a Presidência da República em 2010 no lugar do Governador Paulista José Serra, mas no entanto hoje durante a manhã, Aécio esteve reunido com o Presidente da legenda no palácio do Governo Mineiro e declarou agora no período da tarde que é única e exclusivamente candidato ao Senado, com uma determinação e uma obrigação clara: eleger seu sucessor no Governo de Minas, sendo candidato em questão, o atual Vice-Governador, Antonio Anastasia.
A questão toda é que José Serra acabara de voltar de Copenhagen, na COP15, São Paulo está debaixo d'água e o paulista não tinha sequer de longe, pensado que Aécio declararia isso publicamente agora.
Porém nada disso é mais delicado do que as decisões que a já sacramentada candidatura obrigatória de José Serra, impõe ao próprio.
Á partir de agora Serra terá de enfrentar uma desconstrução da base aliada de seu governo na Assembléia Legislativa do Estado, uma agenda mais restrita ao governo e menos política, pra não sofrer acusações, terá de escolher e referendar quem o PSDB paulista lançará para o Governo e torcer pra que o tempo das bruxas que já lhe desabou o Rodoanel e derrubou uma viga do metrô, seja suspenso até o fim de Fevereiro, quando ele se desligará do Governo Paulista pra ser candidato a Presidência da República.
Pra pontuar as responsabilidades e expor a problemática das coisas que Serra tem em seu colo agora, vou falar detalhadamente de cada um dos desafios que citei acima e logo veremos que a vida de José Serra mais se complica do que se resolve com um anúncio forçado de seu nome para a Presidência.
A começar pela desconstrução de sua base aliada na Assembléia Legislativa paulista, que tem lhe garantido o apoio de partidos nacionalmente ligados a Lula e Dilma, como o PSB de Ciro Gomes, que em São Paulo apóia Serra e lhe garante parte dos 74 Deputados governistas em meio aos 94 Parlamentares paulistas.
Em seguida, Serra terá de lidar com a restrição de uma agenda que não dará a ele espaço pra inaugurações importantes do ponto de vista político, por conta de que cada passo seu, será visto como campanha sendo cada nova inauguração compreendidas como eleitoreiras com vistas no próximo ano.
Dentre estes no entanto, o maior desafio será decidir o grande impasse que já tem tirado de Serra as poucas horas que ele utiliza pra dormir: decidir entre seu Vice-Governador, Alberto Goldman, seu Sec. da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira ou seu Sec. de Desenvolvimento, o Ex-Governador, Geraldo Alckmin como candidatos a sua sucessão no Governo Paulista, isso se Kassab não sismar de ser candidato, com o apoio do PMDB de Quércia que apoiando o Demista ganharia a Prefeitura da principal capital brasileira sem nem fazer força.
O impasse é grande pois Goldman tem percorrido o estado em inaugurações de modo a se fortalecer politicamente mas ainda é pouco conhecido, Aloysio também tem percorrido o interior e o oeste paulista na busca de apoio, mas seu ponto fraco é ainda patinar nas pesquisas que não lhe ofertam mais do que 3% de intenção de votos, no entanto com Geraldo Alckmin o desafio é o contrário, o Ex-Governador desponta com uma intenção de votos na casa dos 60% mas enfrenta resistência da ala Serrista do PSDB que ainda o repele em função de sua candidatura imposta nas eleições muncipais contra Kassab, Kassab aliás que nas pesquisas seria o único nome capaz de arrastar Geraldo pra um virtual segundo turno, arrematando nada mais nada menos do que 40% das intenções de voto.
Por fim, Serra teria que contar com a bondade de São Pedro, pra parar as chuvas e deixar o paulistano ao menos se recompor dos danos causados pelas enchentes, e também com a solidariedade dos deuses para que o metrô não dê mais problemas, em especial a linha 4, a da cratera e também o Rodoanel que já se mostrara como potencial gerador de dores de cabeça incuráveis do ponto de vista eleitoral.
Reunindo tudo isso e mais a "paulistização" imperdoável do candidato presidencial do PSDB, que não escapará da vingança mineira nas urnas, Serra ainda corre o risco de ver Dilma lhe roubar a liderança em meados de Março e não ter para onde correr já que é obrigatóriamente o candidato tucano á Presidência.
Portanto, meus seletos leitores, este é o tipo de definição que mais bagunça do que acerta, é o tipo de presente de Natal que nem José Sarney merece, mas que Aécio embrulhou com carinho e muita mágoa pra José Serra.
"E abre alas, que eu quero passar..."
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