Ao contrário do que muita gente que me conhece da militância virtual pensa sobre quem sou eu, sou um jovem estudante, paulista, com 17 anos de idade, estudo em escola pública e sou filho de uma família de classe média.
Não é novidade para ninguém do meio virtual e menos ainda para os que me conhecem no plano real que aprovo o Governo Lula e voto em Dilma Rousseff para a Presidência da República, porém o que poucos, ou talvez até nenhum destes meus companheiros de jornada, sabem é desde quando, como e porque me engajei e resolvi me posicionar politicamente, uma vez que no nosso país, infelizmente, não é por hábito jovens dessa idade se preocuparem com a política ou com os caminhos que o país tomará.
Acredito que meu ranço político venha do meu avô, um goiano que veio para São Paulo num momento adverso da vida, junto com sua família diante da circunstância de ter perdido o pai, e juntamente com a mãe e os irmãos necessitarem de uma nova oportunidade de tocar suas vidas. Aqui meu avô trabalhou muito e nas vielas da vida acabou dentro das indústrias Matarazzo, onde trabalhou por 40 anos e teve a oportunidade, que talvez fosse para ele até uma alegria, de ser líder sindical e reinvindicar os direitos dos trabalhadores, como ele bem achava justo.
Justifico meu achismo quanto ao ranço político da minha vida ter vindo de meu avô pelo seguinte: sem meu pai, minha família não existiria e logo sem ela nem mesmo eu estaria aqui para contar essa história, porém, se não fosse meu avô ter sido preso pela Ditadura durante uma greve, nem meu pai existira pra fazer com que eu estivesse aqui relatando isso. Preso pela Ditadura meu avô conheceu um cidadão que seria seu futuro cunhado e para encurtar a história, ao sairem da prisão, meu avô conheceu minha avô, uma moça filha de imigrantes portugueses e então no coração de São Paulo, formou sua família.
Sendo assim, eu não poderia ter meu ranço político vindo de um outro lugar, minha existência depende intimamente da luta de meu avô por mais direitos, por uma soceidade mais justa e sobretudo, por um país livre e democrático.
Eu cresci me espelhando nele, que infelizmente se foi no ano de 2001, quando eu criança que era, começei a entender o mundo dos filmes e dos inúmeros livros, que aquele homem alto de óculos tinha pra nutrir a sua ânsia de saber, ele se foi antes de ver Lula Presidente e eu acho que essa promessa ficou para que eu pagasse na história.
Cresci, fiz 14 anos e começei a perceber o mundo de uma perspectiva que nenhum garoto da minha idade percebia: por que há a desigualdade? por que um país tão rico tem gente tão pobre? por que os trabalhadores tem menos direito que os patrões? porque patrões serão sempre patrões e empregados sempre empregados? qual é a barreira intransponível que separa o homem da dignidade?
Assim foi até que me apaixonei pela política, aprendi a sentir falta da emoção de uma eleição, de me sentir feliz com a mágica da festa democártica que acontece um Domingo à cada dois anos e caí desde então de corpo e alma nisto que aos 16 anos eu fui descobrir que se chama militância.
Com 16 anos eu saí do colégio particular que estudava, começei um Curso Técnico, fui para a escola pública e vivi as mais importantes experiências políticas que julgo ter tido na vida, fui fundador e primeiro Presidente do Grêmio Estudantil da Etec em que estudei, neste caso a primeira Etec da minha cidade, aprendi muito e como esperado, vi mais de perto ainda as indagações que desde os 14 anos eu me fazia, percebi que estar junto das pessoas pelo sonho da dignidade e de um país melhor não é escolha, talvez não seja nem mesmo destino, mas que é sobretudo uma obrigação de qualquer um que como eu seja patriota e ame o seu país.
Aos 16 anos descobri ainda que o sonho agora era possível, influenciar a escolha dos rumos do nosso país de maneira direta, eu poderia votar, mas não bastava, votar em quem? Eu já sabia.
Voltando lá para 2002, quando paguei a promessa de ver Lula Presidente como meu avô não viu, me lembro de uma mulher que queria ser Presidente mas que por conta das ações de um tal de Serra, fora derrubada brutalmente, até covardemente do páreo presidencial, eu era criança e não tinha noção, mas guardei comigo mais uma questão a ser respondida: por que as mulheres não podem ser Presidentes? Passou.
Em 2008, findas as eleições municipais nas quais também mergulhei de corpo, alma e coração, surgira o nome de Dilma Rousseff, Ministra do Governo do Presidente Lula, até então o Brasil não sabia quem era essa mulher, mas eu fui atrás de saber.
Procurei sua biografia, li e então cheguei a uma única conclusão: eu posso, eu vou e eu quero eleger a primeira mulher Presidente do Brasil, mas não só por isso, a minha história se encontra com a história dela, ambos chegaram até aqui pelo mesmo sonho: um país livre e mais justo para todos.
Esperei até Setembro seguinte, no caso Setembro de 2009, e fui com minha mãe ao cartório onde tirei o título de eleitor e com o orgulho de mais um brasileiro com direito á cidadania do voto, entoei:
"O meu título de eleitor tem nome e sobrenome, ele se chama Dilma Rousseff"
Desde lá então, falo dessa mulher que respeito e admiro aos quatro cantos deste mundo e por ela vim de Novembro de 2008 até hoje, miitando incessantemente em nome de um projeto nacional que reconhecidamente Lula ofereceu para melhorar a vida do nosso povo e que merece cotinuar.
Hoje porém, passadas as tantas alegrias e emoções que já tive neste sincero e apaixonado apoio à Dilma, me choco com a triste realidade de ver o quanto existem pessoas que jogam com a mentira, com o medo e com a distorção dos fatos, visando manter aquela barreira invísivel que eu com meus poucos 14 anos já enxergava e este é o motivo pelo qual hoje conto esta longa história sobre mim e sobre tudo o que tenho feito.
Sabemos que existem "n" motivos e razões que na verdade são fatos pra desmentir os absurdos que temos visto serem proferidos e disseminados nos emails contra Dilma Rousseff, porém se o Brasil realmente quiser eleger José Serra eu só lamento. Espero sinceramente que não, mas deixo claro que na hipótese de ter este cidadão eleito, quero ver o Nordeste passando fome denovo, quero ver filho de pobre sem oportunidade de fazer faculdade, quero ver o desemprego atingir mais de 10 milhões de pessoas novamente, o salário minimo não comprar nem o mínimo e o patrimônio público ser doado aos estrangeiros com as Privatizações.
Militei muito e militarei até o último minuto, porém sei que esclareci as pessoas, e acho que ao longo destes dois anos apoiando Dilma, dei muitas aulas de história que milhares de Professores de História não estão preparados para dar, votei em Dilma e tenho plena consciência, assim como minha família também tem, que o patamar em que o Brasil se encontra permite que com Dilma avancemos mais por quem mais precisa, porque não temos dúvidas de que ela é a melhor candidata e de que ao contrário do que dizem esses boatos baseados em informações distorcidas, Dilma é centrada e responsável o suficiente pra saber que com apenas 25 anos, nossa Democracia só está começando a engatinhar e que não suporta portanto iniciativas que sejam para ela uma ameaça, porém é sobretudo uma injúria insinuar que Dilma represente uma ameaça a Democracia, quando a candidata em questão, como é sabido de todos, entrou na política lutando contra aqueles que irrefutavelmente atacaram o regime democrático do nosso país.
Eu votei em Dilma, e independente do que disserem as pessoas, dia 31 eu votarei em Dilma outra vez, porém se elegerem Serra, vou estar pronto para aplaudir de pé a derrocada do Brasil e à submissão do povo brasileiro, até porque convenhamos que em particular, meu pai já teve muito mais dinheiro quando Serra e FHC governavam o Brasil, e portanto se apóio Lula e voto em Dilma, não é exclusivamente por mim, mas sim pelo amor que meu avô, que foi preso pela Ditadura e que foi sindicalista como Lula, me ensinou a ter pelo Brasil e pelos nossos irmãos brasileiros.
Concluo assim, reforçando que tudo o que escrevi é de coração, mas que o voto e a escolha é sua, a consequência deste voto é que sim, é nossa.