Ele era um um cara cheio de teorias, sistemático e gostava muito de estar interado, informado e participar das altas rodas de discussão, nunca conseguiu gostar de exatas na escola e ainda que dentro do jogo ele não sabia qual ideologia política seguir, a esquerda era mais bem aceita, mas a direita combinava com ele, se dizer centro era coisa de gente sem opinião e Sérgio jamais aceitaria isso, seria ele então como o próprio se dizia, de esquerda liberal.
Ela era mais intimista e preferia tratar as coisas com mais sensibilidade do que com teorias, teorizar pra ela não resolvia nada, atitudes metódicas não combinavam com ela, preferia ser espontânea e imprevisível, padronizar as coisas a deixava estressada. Apesar de ser muito inteligente ela gostava mais de refletir do que de discutir abertamente as coisas, se expor não era seu foco, ela tinha a crença de que devagar se vai ao longe. Detestava as ciências humanas, tinha consigo a certeza de que a mais complexa equação matemática era mais simples de se resolver do que um chiliquinho de quinze minutos de qualquer ser humano, se dizia apolítica e admirava quem se metia com isso, pra ela era no mínimo mais uma aventura do que uma causa segura.
Sérgio quando quebrava a cara se afogava em músicas e livros, não gostava de bebida e nem de fumo, buscava alternativas sadias pra curar sua deprê. Lia bastante, escutava muitas músicas e quando dava na telha ele escrevia pra desabafar, mas só isso não resolvia, precisava se abrir, tinha apenas duas pessoas pra isso, uma amiga queridissima e um amigo com quem poderia se abrir também, feito isso ele se resolvia, passava por cima e esquecia pelo menos momentaneamente as mágoas. No amor ele preferia ser mais cético e sempre disse que jamais ia querer alguém sentimentalista, ele mandaria andar brevemente.
Beatriz nas suas desilusões arranjava forças pra se levantar dos baques pela sua perseverança e pelas suas reflexões, lia um pouco e escutava uma playlist mais selecionada, era esperta e sabia massagear sua mente nos momentos de tensão, ela preferia fazer desenhos de arquitetura e lidar com os ângulos do que escrever textos, ela sabia que isso seria um meio dela não se lamentar através das palavras. Era super sentimentalista e sempre teve dentro de si um pré-acordo, queria amar alguém sensível como ela pra que pudesse se confortar com essa pessoa.
O destino curvou a reta e eles fizeram uma rota que resultou num encontro, ela calculou a distância desta rota e ele relatou o trageto, o encontro foi perfeito, mas uma coisa nenhum dos amigos de ambos conseguiram explicar, mesmo depois dos 3 anos de relacionamento dos dois.
Como seres tão distintos podiam se amar e se dar tão bem?
O amor cura e machuca na medida em que lhe for necessário, neste caso ele foi acertivo e trouxe as diferenças pra crescer através do aprendizado dentro do peito de cada um deles, pares simétricos porém que se completavam.
Assim como na matemática, Sérgio servia para Beatriz , tanto quanto o X servia para Y.